pessoas que discordam de vocês. Pois, nesse momento de neblina pode até parecer que não, mas estamos no mesmo barco.
Manter a civilidade nos protestos é fundamental. Até porque a vida continua depois que tudo isso passar.
Acredito que meu ponto de vista está correto, mas isso não faz dele uma Verdade Absoluta – até porque verdades absolutas não existem, nem mesmo esta aqui (olha o nó na cabeça de quem faltou nas aulas de filosofia do ensino médio). Uma outra pessoa pode defender que a forma mais correta de acabar com a fome, a violência, as guerras, a injustiça, a corrupção seja por outro caminho.
Eu sei que é duro acreditar nisso neste momento.
Somos seres complexos com múltiplos níveis de relações. Tenho colegas conservadores politicamente, mas liberais em comportamento que guardo em muito mais estima do que colegas progressistas politicamente, mas com um discurso e prática comportamentais bisonhos. Pois não é possível defender a liberdade dos povos e transbordar machismo, tratando a esposa como uma serva em casa, não é?
É mais fácil pensar de forma binária, preto no branco, os de lá, os de cá. Mas, dessa forma, a vida vai ficando mais pobre. Sem o direito ao convívio diário com aqueles que pensam de forma diferente, estancamos em nossas posições, paramos de evoluir como humanidade. Do outro lado sempre estará um monstro e do lado de cá os santos. Isso sem contar a impossibilidade de apreciar tudo o que o outro tem de melhor – do ombro amigo à conversa inflamada em uma mesa de bar.
Nunca pensei que seria necessário pedir isso em um texto, mas – por favor – tenham calma neste momento.
Não gritem, conversem.
Não agridam, troquem ideias.
Não ataquem, reflitam.
Tenho sido criticado à exaustão por gente de todos os lados envolvidos ao repetir feito um papagaio com cãibra para deixarmos o ódio e a intolerância de lado. Pouco me importo.
Pois o que me desespera é a possibilidade de um cadáver surgir em meio a tudo isso. Se alguém for assassinado em um desses protestos pró ou anti governo, a culpa não será apenas de quem desferiu o golpe fatal. Mas de todos os atores envolvidos, dos mais diferentes matizes ideológicos que, através de sua ignorância, arrogância e prepotência, conseguiram transformar cidadãos em maníacos.
Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério Público, a imprensa, entre outras instituições, têm a obrigação, em uma democracia, de garantir que a política seja a principal arena de mediação e resolução dos conflitos. E não esvazia-la a ponto das disputas se tornarem guerras fratricidas nas ruas.
Humildemente, sugiro que busquem a tolerância no diálogo até o dia 13. E depois dele. Mesmo que ele pareça difícil de ser alcançado.
Esse país é de todo mundo. E deve continuar assim.

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