A lição ficou registrada na história econômica: quando há escassez e preços artificialmente altos, o mercado negro floresce. A repressão e os impostos não eliminam o consumo, apenas o deslocam para o subterrâneo.
Um século depois, o Brasil revive parte desse dilema. Embora a produção e a venda de bebidas alcoólicas sejam legais, a tributação sobre destilados é tão elevada que cria um incentivo semelhante ao da proibição. De acordo com dados da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), até 80% do preço final de um destilado como uísque, cachaça ou vodka corresponde a impostos: IPI, ICMS, PIS, Cofins e contribuições estaduais.
Essa carga transforma o produto legal em artigo de luxo e abre espaço para falsificadores e contrabandistas. Um estudo da Euromonitor estima que 36% das bebidas alcoólicas consumidas no país são ilegais, gerando perdas fiscais de R$ 28 bilhões anuais. Só em 2024, o mercado de destilados falsificados cresceu mais de 25%, impulsionado pela alta de preços e pela queda do poder de compra.
Além do impacto econômico, há riscos diretos à saúde. A chamada “crise do metanol”, com casos recentes de intoxicações e mortes, é consequência direta desse ambiente. Bebidas falsificadas utilizam álcool industrial ou solventes, produtos de limpeza e corantes para imitar marcas conhecidas.
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