10 novembro 2018

Por Erick, O Caçador - Crônicas Policiais : "O MÃO BRANCA"

Imagens : Reprodução
Início dos anos 80: no rádio, durante um programa de reportagens policiais, o locutor lê ao vivo uma carta assinada por certa pessoa que usa o codinome "Mão Branca". Na missiva, sem rodeios, Mão Branca dá uma lista de nomes de bandidos - e declara que todos irão morrer. Nos dias seguintes, as notícias dão conta da promessa sendo cumprida... E, definitivamente, nasce uma lenda.


    Em Natal/RN, o jornalista Ubiratan Camilo, locutor do "Patrulha da Cidade" (programa da Rádio Cabugi), era o involuntário porta-voz do Mão Branca. Naquelas cartas, onde o próprio radialista era ameaçado de morte (caso não lesse no ar), a população comum via, com satisfação contida, uma previsão de "limpeza". Já os vagabundos listados, corriam para se entregar nas Delegacias mais próximas, de mala e cuia, implorando para serem presos.


    Houve vários casos, inclusive, de presos se recusarem a receber os seus alvarás de soltura, alegando que era mais seguro morar na cadeia. Os relatos são inúmeros de que,  nessa época, os cidadãos comuns podiam dormir com as portas das casas abertas, que ninguém mexia. Isso é o que dizem as pessoas que testemunharam esse período em primeira mão.


    Fenômeno semelhante ocorreu em Campina Grande/PB e em Recife/PE: Mão Branca, através de cartas enviadas à imprensa, divulgava a lista dos criminosos sentenciados à morte. Depois, apareciam os "presuntos" em matagais ou beiras de estrada, com sinais evidentes de execução. Nessas cidades, o "Efeito Mão Branca" foi o mesmo, para a Sociedade local, segundo quem estava lá e viveu o contexto.


    Herói para uns, bandido para outros - quem era o Mão Branca? Não se sabe a resposta, mas é difícil pensar que seja uma só pessoa, devido a tantas execuções, em tantos locais distantes entre si. O mais provável é que fossem grupos de cidadãos justiceiros indignados com a violência da bandidagem e fazendo justiça "com as próprias mãos". Ou, talvez, fossem quadrilhas de marginais locais eliminando desafetos - afinal, qualquer pessoa poderia escrever uma carta e assinar como "Mão Branca".


     
Em vários lugares, entidades de Direitos Humanos acusaram policiais de integrarem os "Esquadrões da Morte" ligados ao codinome Mão Branca. Mas nunca acusaram uma Facção Criminosa pelo mesmo tipo de delito. Na época, já existiam o Comando Vermelho (RJ) e várias perigosas quadrilhas que assassinavam, o que sabemos que é o normal da marginália. 


    No centro-sul do País, as denúncias sobre o "Esquadrão da Morte" ou o "Mão Branca", recaíram sobre a agremiação "Scuderie Detetive Le Cocq", que reunia em seus quadros juízes, promotores de justiça, médicos, advogados, policiais e outras profissões. A Scuderie Le Cocq atuou nos anos 60, 70 e 80, segundo seus estatutos, como entidade filantrópica.


    No RN, os Direitos Humanos citaram como responsáveis pelas execuções atribuídas ao Mão Branca, o Delegado Maurílio Pinto de Medeiros, reconhecido herói da Segurança Pública Potiguar, bem como sua destacada equipe - a quem apelidaram "Os Meninos de Ouro". Nada foi provado, nas investigações levadas a cabo em apuração a essa denúncia.


    A ironia é que, hoje em dia, as Facções Criminosas Prisionais filmam execuções de outros vagabundos e vagabundas, seus desafeto(a)s, e postam nas redes sociais de forma escancarada, assumindo a autoria e mostrando a cara. Há o assassinato com requintes de barbarismo, há tortura e humilhação, mutilações... Mas também há o silêncio das entidades de Direitos Humanos, que sempre têm algo a dizer das ações da Polícia e Agentes Penitenciários.


    Mas, voltando ao ponto: será que as Facções Prisionais teriam essa folga toda, numa hipotética volta do Mão Branca? 


    O mistério sobre o Mão Branca persiste até hoje, a ponto de alguns jovens o considerarem uma "lenda urbana". Mas quem viveu nos anos 80 sabe que é uma história bem real...



Erick Guerra, O Caçador

http://jardimdascarnaubas.com.br/


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